terça-feira, 12 de julho de 2011

Carta 1


Desisti de tudo. Hoje. Agora na verdade. Não quero mais fingir ser quem eu não sou. Mas foram tantos anos fingindo que eu nem sei mais quem sou eu, como sou, ou por que. Perdi o rumo tentando achar amor e só encontrei várias outras coisas. Menos o amor.
Hoje eu desisti de procurar por amor. Estou procurando outras coisas e uma delas sou eu... Aos poucos, quem sabe, eu vou encontrar pedaços meus que eu larguei antes de acostumar-me com eles. Pedaços, quais, eu tirei de mim, deixei para trás, para dar espaço para outras pessoas. Pessoas, “eus”.
Entrei no espírito do camaleão e mudei tantas vezes que, agora, ao olhar um espelho eu não sei dizer quem é e quem não é. Não sei se sou feliz sendo assim, ou como foi há cinco minutos, ontem...
Mas, como eu ia dizendo, eu desisti. Estou parada no meio de um caminho imaginário. Talvez essa seja a parte mais difícil, imagino. Afinal não saber o que fazer é está tão perdido quanto fazer tudo errado.
Desisti de encontrar amores, desisti de ser feliz, desisti de ser aceita, desisti de tudo. De ser simpática, amável, doce ou estúpida. Vou ser o bem entender quando quiser e quando couber. Já pouco me importo.
Não estou ligando para calafrios no corpo, nem pra palpitações à primeira vista. Não vou mais procurar amor por ai. Até aquele São Longuinho tentou me ajudar. Mas prefiro que não seja assim. Se encontrá-lo teria que pular o resto da minha vida em agradecimento.
Agora que desisti de tudo o que vinha. Talvez eu não escolha outro caminho, apenas cuidarei de mim e vou por onde os meus pés acharem melhor. Não vou esperar por mais ninguém. Vou só, pois só já é complicado demais. E se misturar estraga. Já cansei de ser estragada.
Prefiro assim. Agora procuro a mim mesma, todos os dias. Em qualquer lugar e a única pessoa a agradar sou eu. E ponto final

Antonia.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

em vão


Não quero amar por amar em vão. Viver de migalhas em forma de compaixão. Ter um pouco de amor quando se precisa de uma vida toda cheia deles. Embora quem doe compaixão aos apaixonados - loucos, insanos, descontrolados - tenha um nobre coração. Tenho pena dos que se aprisionam nessa armadilha.
Quem ama, assim, descontroladamente, como todos nós (iguais a mim, claro) amamos, sabem que somos seres completamente indefesos. Dominados por nossa vontade louca por pra fora esse bicho feroz. O que nos torna perigosos é a falta de controle sobre o que sentimos.
Lutar ou manter a fera adormecida? Não importa. Um dos dois é o pior. O pior é tentar controlar. Por pra fora o que quer dormir. Adormecer uma fera em fúria. Pois é assim que se sente o amor quando não pode agir. Uma fera em fúria.
Nem é de todo o mal quando pode ser quem ele quer ser de verdade.
Mas a merda, meus caros, é conhecer apenas o lado ruim. Aquele lado incontrolável. Então fico com medo de que o lado bom seja tão descontrolado quanto o outro. E vire tudo uma bola de neve. E penso, seria assim, então amar em vão? Seria então o amor de verdade sem muitas historias e planos, de forma que nem sentimos?