quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

reunião de família


Reunião de família sempre foi uma coisa bem engraçada. Tem gente de tudo que é tipo e falando sobre os mais variados assuntos. Tem sempre uma família mais barulhenta, outra menos. Sempre tem os amigos da família. Pois, apesar de ser uma “reunião de família” sempre têm amigos nesta historia.
Nas reuniões de família eu sempre me sentia um pouco espectadora das historias. Uma coisa curiosa a respeito da minha própria família é que eu sou raspa de tacho. A prima mais nova. A última a nascer. Das três irmãs a mais velha foi a ultima a casar (leia-se morar junto) e a ter filha. Então, por isso eu sempre estava sobrando nas reuniões. Ou sempre era o centro das atenções. Dividia  este momento com alguma tolice do Jade (a cadela), ou alguma tolice minha. Nunca interagia muito nesses eventos familiares.
Com o passar dos anos eu continuei sozinha. Achava um máximo quando todo estava todo mundo junto na casa de praia. Nas férias era o momento que eu tinha mais atenção. Eu tinha a minha hora da praia. Mas depois voltávamos para casa pra eu dormir. A noite que as coisas ficavam boas. Já tinha tio com a cachaça na cabeça e as coisas ficavam boas. Era tio contando mentira, era gente acreditando, outro fazia besteira. Um núcleo da família começava a brigar e a coisa ficava divertida. Um dizia para o amigo que era barão, o outro cantando e batucando.
Bem, estas coisas me marcaram. Essa época de final de ano é uma época que a minha família se reúne muito. E com muitos outros novos amigos da família. Eu tenho me perguntado em qual núcleo eu me encontro. Porque o curioso é que eu não me encaixo em nenhum. Não sou mais criança, também não me consideram adulto o suficiente (mesmo já tendo passado dos vinte). Talvez seja do núcleo porra louca, assim como minha mãe. Do mesmo jeito que as minhas primas se parecem com as mães e pais. Nestas horas eu dou graças a Deus de ter tido a mãe porra louca a ter que ser a futura mentirosa descendente de barão.
No mais, prefiro ficar com as crianças e as peruas. Uns são chatos e suados e as outras só falam futilidades, mas no fundo, são os mais autênticos da historia. 
Já tive vontade de por a boca no trombone, mas não ia fazer sentindo nem efeito. Continuaria ignorada e levando bronca. Então volto para o meu lugar de espectadora e observo. Afinal essa miscelânea que eu chamo de família que há em comum é o sangue, às vezes nem isso, mas no fundo, todo mundo se ama. Ou não.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

atravessando a praça


Têm várias pequenas coisas que me irritam diariamente. E, com o tempo, criei um boqueio com certas atividades diárias por causa destas coisas. Um delas é atravessar a Praça da República para ir até as lojas americanas, igreja, ou qualquer lugar que precise dessa travessia. Não por ter que passar pela praça, ou por ela ser feia, ou fedorenta ou preguiça mesmo. São outros motivos que me acometem.
Ainda há pouco voltava das Lojas Americanas, junto com minha madrinha e minha mãe, me borrando de medo de assalto, sequestro, bala perdida, “cadeirudo”, entre outros tantos problemas que podem aparecer na cidade. Mas, o que mais me deixava nervosa era ser abordada, gentilmente, por um hippie da praça. E, como havia falado no começo, tem pequenas coisas que me irritam diariamente. Ser abordada por artesãos e pedintes na rua é uma delas.
Pensei logo: “Puta merda, vão levar tudo o que é meu!” Mas não, ele só queria mostrar o trabalho dele. Tudo bem... Ele faz os brinquinhos de coquinho e pulseiras de palha pra vender e tudo mais. Mas eu não sou obrigada a gostar, compartilhar e ou dar uma ajudinha pra ele ligar para a mãe dele no Natal. Não fui sensível, eu sei.
O que mais me irrita nisso tudo é pensarem que eu sou obrigada a ajudar. Não, ninguém é. Acho que, pelo menos, devia ser respeitado o meu direito de ir e vir em qualquer lugar sem ser surpreendia por algum hippie no meio da praça. Porque, se eu passo andando quase no meio fio, com certeza, não é por vontade de arriscar a minha vida na vala. Talvez eu realmente não esteja querendo ver nenhuma peça que você fez com o material rustico da região.
O que me deixa mais puta da vida nessa historia é ter que me sentir culpada por não ter ajudado.  Talvez até ajudasse se a situação fosse outra. Afinal de contas quem em sã consciência vai abrir a bolsa no meio da rua, às 19h, sozinha com duas senhoras e sendo acuada por um pedido de um homem estranho? Eu sou doida, mas ainda não sou burra. 
Uma pergunta: todo mundo sai comprando uma peça em cada loja que vê pela frente só pra ajudar a família do dono? Pois é, também não faço isso. Compro sim, gasto e todas essas coisas de consumista. Mas, claro, só compro o que eu gosto. Então, da próxima vez que eu tiver que atravessar a praça, me deixe de fora dessa de brinquinhos.  Não é ajudar por espirito natalino. Até porque tem ajuda que é mais atrapalho que ajuda propriamente dita. Talvez eu seja uma grande filha da puta (desculpa mãe). Mas eu não acho que isso ajude de alguma forma. Só queria ter o direito de escolher o momento em que eu posso ajudar. Porque se sentir obrigada a ajudar todo mundo que passa na rua, eu fico me perguntando quando é que vão me ajudar também.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Boas Festas


Final de ano, Simone, especiais, presentes, papai Noel, Papai do Céu, pai, mãe, metas, fé, esperança. Todos os finais de ano são assim. Talvez para a maioria das pessoas, ter um final de ano feliz seja ter alguns por perto, família e amigos, para outros... Estar só é melhor. Mas independente de quantas pessoas estão a sua volta ou a fartura da ceia. Vamos olhar pela janela.
“Ah! Lá vem mais uma falar: Olhem para as ruas e vejam quantas pessoas sem nada querendo um pouco do que você nem dá tanto valor...”.  Não é isso! Vai muito além de ter ou deixar de ter um peru gordo e recheado. Vai muito além de contos de Natal. É tão longe disso que não sai nem de dentro de ti.
 Assisti um dia desses um espetáculo de uma escola de dança, aqui, no teatro ao lado de casa, independente de qualidade e efeitos especiais, creio que poucos se deram conta da mensagem do pequeno menino viajante.  Pois bem, deixemos o menino e os balés de lado, vamos focar na vida real, mas guardem o menino ai.
Dia primeiro de janeiros do ano que vem será igual aos outros primeiros de janeiros de milhares de anos. Alguns de ressaca, alguns nem dormiram, uns se amando e outros chorando. Muitas promessas, muitas dívidas pessoais surgiram em meio a fogos de artifício e champanhe.  Muita coisa pra ser lembrada ao longo de 365/6 dias no ano. Mas acontece igual a prova de matemática na recuperação.  Fica sempre pra ultima hora.
No dia primeiro, quando os corações estavam revigorados e cheios de energia pra começar a vida nova, dar um empurrãozinho nos planos e tudo mais, fica fácil acontecer. Mas no resto do ano, alguns vão à diante, outros ficam parados ou voltam para estaca zero. Mas quando chega dezembro que os primeiros acordes da musica da Simone começam a tocar e Assis Valente já se pergunta se felicidade é uma brincadeira de papel, tudo o que foi prometido no inicio do ano volta com força de mil cavalos em cima de ti.
O que acontece? A maioria corre atrás do prejuízo e, em 31 dias, quer por em prática tudo o que foi deixado de lado nos outros dias do ano. Vai funcionar? Certo que este clima natalino e festejador de final de ano faz alguns milagres, mas só no final do ano?
Parar de comer, beber, fumar, amar mais a mim, gastar menos, ler um livro, ser bom, estudar. É muita coisa pra um mês só. Além de comprar os presentes, celebrar e ter fé! Deus, eles realmente vão precisar de fé pra conseguir estes milagres a esta altura do campeonato. Todo mundo se agarrando em santo, caboco, energia cósmica o que for preciso pra conseguir.
Se a maioria consegue, eu não sei, só sei que... Assim como nas provas de matemática a matéria só dura até acabar o horário da prova (ou o fina do ano). Quando pularem as 7 ondinhas...  Começa o ano e as promessas vão ficando de lado. Quando chega o carnaval eles dão lugar a marchinhas e musicas de gosto duvidoso. Quando não são esquecidas após a amnésia alcoólica dos ditos cujos.  Sendo assim a maioria espera até o final do ano - e os sinos pequeninos - para por em prática boas ações, doações e felicidade.
Só em dezembro? Só em dezembro tu vais dar um prato de comida, roupa e ser feliz e abraçar os teus primos mais velhos, os teus tios chatos e a tua vozinha que nem lembra mais teu nome? Só em dezembro tu vais te dar conta de que ama os amigos e o mundo pode ser lindo?
E só no ultimo dia do ano tu vais te lembrar de amar mais e fazer o que for melhor pra ti. No resto do ano fazer o que esperar o tempo passar? Ele já passou! Lembra o menino do começo, aquele o viajante do balé? Pois bem a mensagem era essa. O presente que ele procurava era a vida e ela tinha que ser aproveitada.
Tentem ser felizes. É o mínimo que nós podemos fazer pelos outros, o mínimo que podemos fazer por qualquer um que também nos ama. É o melhor presente que podemos dar a qualquer pessoa.  Mesmo que tenhamos de ouvir a Simone cantando que “então é Natal e ano novo também”.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

doce de jiló


Vivos os dias com o prazer de quem come jiló. E fico pensando se um dia vai ser melhor que isso ou se tudo isso é o melhor que tem. Ou quantas maneiras nós temos de ver a vida, se existe alguma válvula de escape em cada esquina.
Pergunto se como o que é bom pra mim pode ser totalmente inútil para o resto. Se felicidade é ser ou estar. Pois que se for da segunda maneira eu tenho constantemente. Qual o real significado da palavra? Afinal de contas vejo mais sorrisos mascarados do que nuvens em dias nublados.
Sorrisos são apenas armaduras que as pessoas pregam todos os dias na cara. Para sair de suas casas. Amarguradas e sorridentes, tristes e sorridentes, felizes e sorridentes, com fome e sorridentes, sem dentes e sorridentes.
Pra que tanta maquiagem se no final do dia derrete tudo e todos vão ter as mesmas caras de bunda que mostram assim que abriram os olhos.  É difícil olhar as pessoas, de verdade. Olhar, burlar as barreiras de seguranças e dizer uma palavra sequer.  É mais difícil ainda conviver com pessoas que vocês acha que conhece e descobrir, um dia, que nunca soube quem são.
Continuo vivendo o dia com o prazer de quem come jiló, mas já vivi com o prazer de quem desfruta de um enorme e suculento doce de padaria. Mas ai vem sempre alguém, um grande filho da puta,  com um gosto de jiló na boca e diz a ti que aquele doce vai acabar, mas se não acabar, pode cair no chão, te fazer mal. Mas nunca, nunca vai ser bom.

domingo, 18 de setembro de 2011

realmente


Era apenas imaginação. Foi quando fechei os olhos e sonhei. Acordei, como todos os dias, e continuei a imaginar. Mergulhei todos os dias na imaginação que me parecia bem mais real que a realidade.
Não esqueci a realidade dia algum. Aliais, foi isso que me incomodou durante o tempo que imaginei. A realidade era chata e acabava dando idéias a imaginação. E esta era maleável, modelável de acordo com a realidade. Por mais bizarro que fosse.
Imaginem:  que imaginei que imaginavam! Era um nível absurdo de imaginação. Tanto quanto, não saber se o que era imaginado era verdade ou o que era verdade era imaginado. A verdade era imaginária a tal ponto que não sabia quando um era o outro e o outro era um. Muito menos quando estavam em seus lugares.
Certo dia, tomei doses de verdade e entendi. Mas voltei a imaginar. Constantemente de maneira corrida e ininterrupta. Até ser acordada aos socos e ponta-pé pela Dona realidade. Amarga e invejosa.
Fique entre as duas. Sai falando palavrões e fazendo gestos inadequados, para uma moça, a realidade. Dei os braços a imaginação e fui-me embora.  Até que se tornou tão real, a imaginação, que a realidade não passou de um quadro na parede de algum lugar imaginado.



segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Olhar...


Vou começar pelos teus olhos, ou seriam as sobrancelhas? Mas que seja! Estes teus olhos que pro todo o dia pareciam estar com sono, sempre meio fechados, deixando difícil ver tua alma através deles, encantaram. Mas, quando caía a noite, mesmo pequenos – os teus olhos, enchiam-se de brilho capaz de ofuscar até a lua. Estes olhos eram emoldurados por  tuas sobrancelhas que pareciam pintadas ao invés de feita de pequenos pêlos.
E a tua boca, pequena, delicada, assim como os olhos. Vivia com um sorriso despretensioso, malandro contagiando e contrastando com os teus olhos fechados de falso sono. Embora pouco, quando mostrava teus dentes – felinos – era encantador. Pois não era só um sorriso que abria. Era uma mistura de ataque. Era quase uma armadilha.
Os cabelos vinham de um tamanho só do topo da cabeça e ondulava-se como o mar até desaguar sobre teu colo. E, se não fosse um delírio meu, ele mudava de humor junto com a lua, igual ao mar. Um negro mar...
Falei dos teus olhos, sobrancelhas, a tua boca e o cabelo. Não falei do teu colo, das tuas bochechas tampouco do teu coração e da tua alma. Mas não conseguiria, nem com a mais minuciosa explicação, dizer o que os meus olhos vêm quando ficas diante deles. E a natureza parece querer brincar com a fragilidade do meu coração quando junta todas as energias no ar para fazer balançar os teus cabelos e cerrar os olhos apara poder enxergar...  


Ass: Jorge.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Não é triste.


E dizem que os escritores, principalmente de romance, só sabem escrever quando se sentem mal. Ou quando eles estão tristes demais para saber guardar a dor deles apenas para eles. A não se que eu não me encaixe em lugar nenhum de escritor, digamos que há um sério engano na cabeça dos que dizem isto.
Os escritores não escrevem quando estão tristes. Os escritores escrevem quando tem um sentimento tão maior que eles que é preciso passar para o papel antes que explodam. Escrevem quando estão felizes. E sim, também escrevem quando estão tristes. Escritores escrevem quando há sentimentos.  Escrever é uma arte e arte é sentimento.
Escreve, cantar, atuar, dançar sem sentir nada é como comer sem estar com fome. É fazer por fazer. É como sexo sem vontade. É bom, mas não tem graça. Tu finges que escreve, fazes de conta que canta, tu finges que é outra pessoa, um fazes apenas alguns movimentos.
E não é por ai. Escreve é transbordar sentimentos através das palavras. Cantar é falar com o coração e alma a melodia dos sentimentos. Atuar é ser outra pessoa é sentir como se fosse o outro é quase incorporar. Dançar é falar tudo sem usar seques uma palavra é fluir no meio de todas as outras artes.
E não só para os escritores, mas para todos os artistas, fazer alguma coisa sem sentir nada não conta. E se é triste que tu escreves o texto... Não importa o quão triste pareça, o texto vai ter alma.  Assim como qualquer outra coisa que tenha sentimentos em si.

Dominique


Voltando a viver.
“Pois é isso que sente quando se volta a viver? Quer dizer que não é apenas rir e ter momentos felizes? Quer dizer que todo esse tempo eu não estava viva?” - Eram estas e outras perguntas que rodavam a cabeça de Dominique naquela quarta-feira. – “Ter amigos é isso? Dói viver?”
E Dominique olhava nos espelho do seu quarto e percebera coisas que ela já havia esquecido no tempo em que passou sem viver.
Queria largar tudo, dia ou outro, mas agora percebera o quão bom era viver e ser ela novamente. Não ligava de estar só em alguns momentos, pois eram nesses momentos que as coisas iam para o seu lugar.
Dominique, em pouco tempo percebeu o lado bom de viver. Porque embora tenha sentido muitas dores, levado todas as pancadas que precisava – até então. Ela viu que as recompensas que ela tinha, agora que estava viva, eram mais satisfatórias.
Então, Dominique descobriu que viver, mesmo tendo contra tempos, tem suas recompensas. Que de tão prazerosas nos fazem esquecer-se dos dias ruins. E nunca mais quis viver dormindo.