Reunião de família sempre foi uma coisa bem engraçada. Tem
gente de tudo que é tipo e falando sobre os mais variados assuntos. Tem sempre
uma família mais barulhenta, outra menos. Sempre tem os amigos da família. Pois,
apesar de ser uma “reunião de família” sempre têm amigos nesta historia.
Nas reuniões de família eu sempre me sentia um pouco
espectadora das historias. Uma coisa curiosa a respeito da minha própria família
é que eu sou raspa de tacho. A prima mais nova. A última a nascer. Das três irmãs
a mais velha foi a ultima a casar (leia-se morar junto) e a ter filha. Então,
por isso eu sempre estava sobrando nas reuniões. Ou sempre era o centro das
atenções. Dividia este momento com alguma
tolice do Jade (a cadela), ou alguma tolice minha. Nunca interagia muito nesses
eventos familiares.
Com o passar dos anos eu continuei sozinha. Achava um máximo
quando todo estava todo mundo junto na casa de praia. Nas férias era o momento
que eu tinha mais atenção. Eu tinha a minha hora da praia. Mas depois
voltávamos para casa pra eu dormir. A noite que as coisas ficavam boas. Já
tinha tio com a cachaça na cabeça e as coisas ficavam boas. Era tio contando
mentira, era gente acreditando, outro fazia besteira. Um núcleo da família
começava a brigar e a coisa ficava divertida. Um dizia para o amigo que era
barão, o outro cantando e batucando.
Bem, estas coisas me marcaram. Essa época de final de ano é
uma época que a minha família se reúne muito. E com muitos outros novos amigos
da família. Eu tenho me perguntado em qual núcleo eu me encontro. Porque o
curioso é que eu não me encaixo em nenhum. Não sou mais criança, também não me
consideram adulto o suficiente (mesmo já tendo passado dos vinte). Talvez seja
do núcleo porra louca, assim como minha mãe. Do mesmo jeito que as minhas
primas se parecem com as mães e pais. Nestas horas eu dou graças a Deus de ter
tido a mãe porra louca a ter que ser a futura mentirosa descendente de barão.
No mais, prefiro ficar com as crianças e as peruas. Uns são
chatos e suados e as outras só falam futilidades, mas no fundo, são os mais autênticos
da historia.
Já tive vontade de por a boca no trombone, mas não ia fazer
sentindo nem efeito. Continuaria ignorada e levando bronca. Então volto para o
meu lugar de espectadora e observo. Afinal essa miscelânea que eu chamo de
família que há em comum é o sangue, às vezes nem isso, mas no fundo, todo mundo
se ama. Ou não.
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