quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

remendado

Era um coração forte e resistente. Mas claro que com o uso ele já tivera algumas marquinhas do tempo, nada que de longe não se disfarce. Batia em ritmo acelerado e com muita energia e vontade de tudo. Já não tinha medo de riscos. Sempre achava que qualquer pessoa seria digna de ocupá-lo. Embora que, para tanto, precisava provar.

Mesmo com as aparências ele era calmo, um coração tranqüilo. Sem muito que se preocupar, não fazia mal a ninguém. Mas era meio bobão. Qualquer prova já era prova o suficiente. E lá o coração se abria ficava todo feliz deixando o caminho livre para quem quisesse entrar

E entrava e saia gente. Quando entrava ocupava um espaço. Alguns saiam e deixavam marcas, marcas bonitas até. Outros, se não fosse a memória, jamais saberíamos de sua passagem.

E deixava , quando merecedores, instalarem-se sem medir espaço. Podia ocupar ele todinho, ou só uma lasca.

Pois bem... Mais uma vez o coraçãozinho deu espaço. Vou ocupado como quem não quer nada e por fora nem se notava. Mas quem o viu o estrago por dentro logo pensava: Iiih, as estruturas estão fracas!

Dito e feito. O ocupante abriu tanto espaço no coraçãozinho que, no final das contas fez um estrago. Era pedacinho de coração pra tudo que era canto. Não sabia por onde começar.

Ah... E o pobrezinho do coração que era tão forte e resistente. Como ficara tão exposto? Nem ele sabia o que dizer. Por fora, nem ele imaginava que estaria assim. E o coração tava se chorando em todos os pedaços.

Era tão triste de se ver. E os outros ocupantes estavam lá, sem teto e preocupados com o seu lar. Nunca o viram tão sensível. E logo ele que estes tempos ficara bastante feliz.

O coraçãozinho se lembrava dos dias em que era inteiro, somente com suas marquinhas. Agora era só caco. Um pedaço com cada ocupante e um ali no meio jogado pelo chão.

E vendo o coraçãozinho como tava e sabendo que aquele pedaço sem dono presente ia ficar pelo meio do caminho os ocupantes resolveram ajudar o coração. Reconstruiriam o seu lar como puderam. Cola daqui, amarra da li.

Agora ele tava montado. Os ocupantes logo foram para seus lugares. E de dentro via-se apenas um aconchegante lar dentro do coraçãozinho remontado. Tudo em cima de um pedaço abandonado. Mas isto era de dentro.

Agora de fora se via um coraçãozinho batendo cada dia mais rápido se aos poucos mais animado. Agora ele parecia um bichinho estranho. Forte e resistente talvez ele não fosse mais, afinal agora era todo remendado, fazendo um barulhinho aqui e ali, por falta de algumas pecinhas. Mas sabe, isso dava ate um charme a este coraçãozinho remendado. Forte e

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Entre dois.

Entre mocinhos e vilões não se sabe dizer o que é verdade e mentira. Entre idas e vindas, as verdades são distintas. Os sentimentos, para cada lado, são o mais forte e verdadeiro. Mas então, me diga, com absoluta sinceridade: Quem gosta mais?
O mocinho está cansado de esperar e o vilão não sabe mais por onde agir. Então vira o jogo, que se faz mocinho agora vilão vai ser. Mas a verdade é que não sabemos dizer, em absoluto, quem vai vencer.
É uma guerra, silenciosa, venenosa e arriscada. Sem dó, machuca, arde e mata. Chega e você só sente, não abre um verbo que seja. Quanto menos fala, mas se pensa, pensa muito até agir. Agir envenenada, diga-se de passagem. Metendo pés pelas mãos. Sem dó nem piedade. Quando se vê já não se sabe onde começa um e termina outro.
Vilões e mocinhos absolutamente juntos e misturados. Enterrados de culpas e dores, envenenados pelo mesmo monstro verde que, sem dó, ataca até os mais tranqüilos dos personagens. Que, quem diria, parecia poder apensa por para fora cheiros de perfumes de rosas campestres.
Quem ganha? E quem perde? É possível dizer? Talvez aquele que ficou tenha perdido e quem foi, ganhou. É relativo, às vezes, ter um doce nas mãos é um propósito para dor de barriga futura e não distante. Ficar com as mãos abanando, portanto pode ser sinônimo de liberdade, felicidade. E vilões e mocinhos, quem são agora?
Vilão aquele que envenena, e engana e pensa em todos os passos, deveras cego, cego de amores tanto quanto (ou mais) que os mocinhos. Embora amante, não sabe como fazer.
Já os mocinhos, amam de um jeito primaveril sem tempestades demais e, sendo assim, conseguem ver melhor o que vem, por isso não erram tanto assim...
Embora uma coisa não seja clara. E é importante que ficasse. Vilões e mocinhos são, um só, que só se mostram quando acham confortáveis. E talvez nem precisem do segundo para ser um e outro. São dois num só.
Todos vilões da história alheia e mocinhos de sua própria.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Lirismo floral.


  Havia três flores neste momento. Uma branca, uma lilás e uma vermelha. Embora em tom de pureza a branca não era assim. Tinha um ar frágil, mas não era de tanta fragilidade assim. Comia bichos e coisas pequenas, era boa, mas tinha o seu mal. A lilás chegara pelos ares, embora ares parecessem bonito para chegada, o modo não aparenta tanta beleza assim. Fora jogada de um de um pássaro que não gostava de sementes ruins. Deu uma flor que embora a beleza não tivesse sido tocada nem danificada, talvez o interior dela tivesse sofrido irreparáveis danos. Ainda tinha uma vermelha, de fato que a via não tinha medo de feri-la não parecia ter fragilidade, mas mesmo com aparência forte a flor vermelha mais parecia um fio de água escorrendo de um galho, fino, constante e delicado.

Mas ás três flores havia uma abelha. Abelha esta que não pensa direito. Sua vontade era levar o que fosse preciso. A abelha, como instinto, aproximou-se da que mais aparecia. A flor vermelha cedeu-lhe de tudo que era preciso. Das outras duas, uma nem se mexeu; a outra fez de tantas coisas que até punir a abelha fez. Achava feio, muito feio o que fora feito com a flor. Mas como chegava assim e sugava de tudo que precisava sem importar-se com o que restava da flor. A abelha achara forte, e não havia tanto o que se preocupar. No entanto a outra flor lhe disse que esta a qual a abelha tirava-lhe as forças era frágil demais e não tinha por onde nem como ficar sem a presença da abelha, já que ela havia tirado-lhe tudo.

Sendo os esforços da flor lilás tocantes a flor vermelha sentiu-se triste, e sem graça. Não gostava que lhe despissem assim. Não era um ser sem energias próprias, fazia aqui por bem e não tinha problemas. Logo mais estaria recuperada e tão o mais forte que antes. Mas de alguma forma o estrago já havia sido feio.

A abelha, ouvindo os conselhos da flor lilás, deixou a vermelha em paz. Nem mesmo queria ficar tão próxima dela, com certo medo de feri-la demais. Embora ela soubesse que isso deixaria fraca e sem vida. Também não fez questão de esperar pela vinda da abelha mais uma vez. Olhava apenas e observava, sabia que não era mais o motivo e que não se enganava, sabia o motivo de a abelha rondar tanto o espaço. E já não era mais ela.

Para o não de seu espanto viu que agora a abelha vinha, discretamente, aproximando-se daquela flor forte de aparência frágil. Ela já estava com algum receio de aproximar-se, pois ao se aproximar de uma que julgava forte, disseram-lhe ser frágil, imagina a que lhe aparecia frágil. Mas para o seu engano era forte, forte demais... Embora tivesse suas fraquezas.

A flor lilás era fruto de uma semente ruim, e tivera suas conseqüências. Tinha um veneno que era de curta duração, mas era lançado com facilidade. Como já era de se esperar a flor branca, só parecia frágil e sabia de alguma forma que a flor lilás não era de todo o bem. E que estava por perto, mas sabia que tinha alguns problemas. Deixava-a falar, mas logo lhe fechava o caminho.

A flor lias tivera muita calma para entender a branca. Observava e aos poucos percebeu que embora ela dividisse a abelha com ela a branca não aceitava muitas aproximações. De fato ela tinha seus limites, e este foi o problema. A lilás era arisca sabia notar isso. E levou a flor branca ao definiu. Usando de seus próprios defeitos para destruí-la silenciosamente.

Pobre flor branca, não tinha forças estava sucumbida de seus tormentos.

A flor vermelha queria de alguma forma entender. O motivo a qual levava a flor lilás a ser assim. Mas entendia que bondade não era o lema principal dela e que com certeza havia algo mais.

Tempos se passaram e aquele pássaro que jogara fora aquela semente ali, voou por lá e viu. Uma borbolea que passava casualmente também e uns outros bichos viram que fizera aquela semente por ali. Como ele imaginaria que, de alguma forma, tivesse  uma semente nociva perto de outras flores sem culpa e uma abelha sem juízo próprio.

Desceu. Primeiro, pensou em pedir desculpa a flor branca que agora mostrara uma cor cinza-estargado. Mas vira logo e fácil que esta não era a pior. Embora aparentemente ruim, ela ainda tinha forças, muitas forças.

Olhou e viu a flor vermelha, foi em sua direção e ela o reconheceu. Sabia que era o culpado de alguma forma, mas que a culpa fora apenas um descuido. Então sem muito que falarem eles logo entenderam o grande problema. O passarinho, o que. E a flor, o por que.

A vermelha já imaginava que aquela semente a qual tivera saído a flor tivera algum problema. E o passarinho, já acompanhado de tantos outros - borboletas e outros bichos - que testemunharam a semente sabiam que ela não era normal. Tinha o interior envenenado e que não sabia muito bem porque fazia isso. Mas também  até onde isso era inconsciente ou de vontade própria. Todos eles tinham um mesmo pensamento, mas porém sem jamais julgar. Embora entender também não fosse o caso.

O passarinho se preocupara com a abelha, sabia que era perigoso. A abelha tão pequena e sem juízo se aproximando de uma flor tão enganosa. Mas fora tarde a abelha já não dava atenção a mais ninguém o veneno já lhe entrara. Embora tivessem esperado que o efeito passasse a flor não lhe dava espaço para estar por perto da abelha. E sempre e sempre lhe envenenando todos os dias.

E assim, tristes e culpados. Um por trazer e a outra por não poder fazer nada ficaram assistindo, sem outra opção, ao definiu da abelha envenenada por uma flor de semente estragada. E a flor entendeu que nem de tudo que se parece tão bem, de todo bem há de ser. Embora de alguma forma já soubesse disto.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010


 

Vou fazer uma espécie de pacto com o destino. Eterno, por conta das próximas encarnações para não ter problema. Disseram-me que ele é sacana. Embora eu ache que ele seja um belo de um humorista. Mas uma não descarta a outra.

Se fosse uma pessoa a imagem do destino que vem a minha cabeça é um cara sentado numa cadeira digna de lordes; com roupão escuro e cheio de pompa; rindo, rindo das suas sacanices com os outros.

Mas fora isto ele na faz por mal, talvez seja até culpa nossa por, de alguma formar, insistir em por a culpa nele. Daí que ele cansou-se disto e resolveu brincar.

Mas deixando as divagações acerca da 'personalidade' do destino. Eu digo que desta vez ele foi esperto. Pegou-me direitinho... E de surpresa. Vou procurar este sacana, para fazer esse pacto. Eu não o culpo e ele não me assusta.