quarta-feira, 23 de junho de 2010

Nem tanto assim

A gente já não é tão nova assim... Os problemas pequenos e superáveis durante a infância, hoje, são um pouco mais perigosos. Talvez porque você não corra mais os riscos das mudanças de fases definitivamente marcante. Um dia não tem peitos, no outro eles parecem duas laranjas doloridas debaixo da blusa. E com eles mudam os problemas que aparecem e desaparecem tanto quanto as mudanças no seu corpo.
É não somos mais tão jovens assim! Pensando que os problemas profundos da antiga juventude, hoje, são tão pequenos. Amar e não ser amado... Se é que já era amor. Algumas coisas tornam-se definitivas de agora em diante. Há mais seriedade em tudo. O brinquedo, agora o emprego. Os filhos. Você se vê virando os seus pais, no espelho. O futuro já não é mais o ano que vem, nem as férias nas festas.
O futuro agora depende mais de você do que os outros podem fazer pra você. O seu professor não pode mais salvar a sua vida por alguns décimos, no final do ano. Você por você, às vezes, pelos outros. Aqueles outros são os que você fez.
As coisas tomaram proporções maiores que o seu quadril na adolescência. Seus amigos não choram mais, não apenas, porque terminara o relacionamento. E agora não são cartas e bichos de pelúcias devolvidos numa caixa de sapato. Quem fica ficar com os filhos? A amante? Pensão, tensão, confusão. Era tão mais fácil com bichos de pelúcia.
E os dogmas? Quando antes, existiam barreiras, limites entre a liberdade e a libertinagem. Agora eles existem, mas onde eles ficam agora? Até onde se é infantil? Você pode ser moderno ou promiscuo. Onde se vê isso? É bem mais difícil.
Devíamos ser previamente avisados no inicio da juventude que, de preferência, se fossemos ter problemas que os tivéssemos naquela época. Agora é luxo ficar triste e querer passar o dia com os amigos comendo e falando besteira até esquecer tudo. Os seus amigos estão ocupados demais pra esse tipo de coisa. Você fica um pouco mais só, o mundo vai te consumindo. Tudo parece permanente e imutável.
Até que um dia você se olha no espelho e lembra que é apenas o meio do caminho, ou até o começo do meio do caminho. Embora não sejamos mais tão jovens assim. Somo jovens maduros. E mesmo que os problemas pareçam mais sérios que antes, algumas vezes, somos mais maduros para resolvê-los. E sabe que não adianta lamentar-se. Lembra, também, que parar no tempo não era útil nem quando você era mais novo. E mesmo que as freqüentes bagunças com aqueles amigos da escola podem não ser mais todos os finais de semana, mas sempre serão as mesmas.

E no futuro o seu presente vai parecer ser o seu passado.

sábado, 12 de junho de 2010

prisão perpétua.

Não sei se parece mais com um calo ou uma prisão perpétua, mas desde então ela se vê presa a isso sem ter para onde escapar. As roupas que vestiu; o filme que viu e até perfume que usou. Tudo por alguns simples e claros motivos. Por ela, por ele e para eles.
O que mais doía nela todo esse tempo não era fazer tudo, até mesmo porque ela realmente gostava de tudo que fazia, mas sim por não poder ou não o ter para poder enfim compartilhar como tanto sonhou de novo. Contar daquele filme que viu e que, embora todos achassem que fosse o melhor de todos os tempos ela dormiu na metade. Não se importava de ter visto sozinha ou com outras pessoas, ela gostava de saber que ele estaria lá – daquele jeito que só ela conhecia – para ouvi-la contar, rindo da tolice que foi, ter pensado que o filme pudera ser bom.
Ela não precisava de cem por cento, não queria tudo a toda hora, nem que virassem apenas uma pessoa (se bem que nas horas que se tornavam uma pessoa só eram inimaginavelmente boas). Ela só queria o que lhe cabia de direto do outro. Um pouco o suficiente. Saudável. Metade dela e a outra metade dele. Igual e simples. Na mesma dose.
Era sabido que o que ela queria não era nada de exorbitante. Sabia que era divertido e seguro, mas tinha medo de arriscar. Como jogo, tudo ou nada.
Ela tinha medo dos dois. Ter tudo significaria ter muito, ter muito dá trabalho. E nada... Ela não sabia se nada era pior do que tem.
Era um prazer e dor fazer tudo isso. Não era por obrigação, era natural. Talvez isso que fosse mais difícil. Se fosse forçado uma hora iria parar. Mas era como respirar, falar, comer ou andar. Saia mais naturalmente que algumas palavras até.
E daí dizia como calo, pois mesmo sabendo que ele existia ela sempre iria calçar aqueles sapatos – ou outros – e sempre iria doer. Mas era inevitável muitas vezes.
Ou talvez numa prisão, outras vezes, por não ter para onde escapar. E quando e se isso acontecia sempre havia um agente competente a trazê-la de volta. Creio que ela achava que era mais seguro lá dentro.
É notável... Era bem pouco que ela queria. Era um estado, uma situação, um nome, um homem, uma coisa um tempo... Tão pouco. Compartilhar a dois e não num monólogo imaginário sem contracenar com ninguém. Falando com paredes ou inventando diálogos inexistentes com figura imaginárias de pessoas reais.
Sentir um cheiro e compartilhar; uma lágrima e compartilhar; um sorriso e compartilhar; incontáveis dias e compartilhar; abraçar e compartilhar de um mesmo sentimento e bonito que surge, às vezes, de um carinho oferecido ao vento.
É tão pouco e compartilhar. Enquanto isso ela vai fazendo e vivendo, nessa coisa que podem chamar de prisão, mil coisas, a roupa nova, a musica e até esse texto na esperança de tê-lo compartilhado. Pois cada palavra foi pensada na imagem daquele rosto tão familiar lendo-as letra por letra e entendendo cada pedaço do sentimento que ficou por aqui como uma bolsa meio vazia com algumas lembranças no fundo e nos bolsos laterais.

terça-feira, 1 de junho de 2010

textinho


E como ela pode se apaixonar por algo que nem tem nas mãos?
Está longe, bem longe. Nos sonhos talvez? Nos contos, na imaginação dela.
Ela se apaixona cada dia mais e mais. Será possível ser verdade?
Ter, ou melhor, querer ter  sem ao menos provar? Desejar um doce sem nunca tê-lo sequer visto alem de figuras de livros de receita? Tanto de dar água na boca. Mas foi assim, ela se apaixonou. Por uma coisa que nem tinha nas mãos.
Menina boba, boba, boba.
No dia que provar o doce, de tanto querer, vai até enjoar.

Rapidinho e devagar.


Faz tempo - não sei o quanto – que perdi a noção do tempo. Mas agora, pouco me importa. O tempo pode ser um cara chato. Faz as pessoas correrem contra ele, faz um dia quase nunca chegar, brinca com a saudade e não se entende com distancia.

O tempo é um cara egoísta e tem o poder e o prazer de fazer tudo girar em torno ele. Não gosto, e de desgosto quebrei meus relógios e rasguei meus calendários. Só vejo o Sol e vez ou outra a lua.

Não lembro, nem conto, quanto tempo passo na rua ou em casa. Mas sempre volto quando aperta a saudade e sem me preocupar. Não sei se era ontem, hoje, ou no ano que passou, resolvo as coisas quando sinto que é o momento. As coisas pedem, gritam... Gritam alto quando querem.

Tem dias que são bem rock, uns são samba-canção, noutros tudo é bossa e alguns têm até um batuque nagô. Descobrir que musicar é melhor que contar. A gente dança os dias, deixa de contar. E sabe... dançar é bem melhor que contar. Contar cansa, desanima... Dançar não.

Mas agora que perdi a noção desse tempo sacana já não me preocupo mais. Não conto mais os dias e digo que passou tempo demais e nem que foi muito rápido.

O tempo já me deixou pra trás, mas agora eu não conto mais com ele. Eu to na minha linha, no meu ritmo. O tempo nunca mais vai ser demais ou de menos, ele sempre vai ser tempo bom . Agora, ontem, antes sambando, pulando, cantando...