Era apenas imaginação. Foi quando fechei os olhos e sonhei. Acordei,
como todos os dias, e continuei a imaginar. Mergulhei todos os dias na
imaginação que me parecia bem mais real que a realidade.
Não esqueci a realidade dia algum. Aliais, foi isso que me
incomodou durante o tempo que imaginei. A realidade era chata e acabava dando
idéias a imaginação. E esta era maleável, modelável de acordo com a realidade. Por
mais bizarro que fosse.
Imaginem: que
imaginei que imaginavam! Era um nível absurdo de imaginação. Tanto quanto, não
saber se o que era imaginado era verdade ou o que era verdade era imaginado. A verdade
era imaginária a tal ponto que não sabia quando um era o outro e o outro era um.
Muito menos quando estavam em seus lugares.
Certo dia, tomei doses de verdade e entendi. Mas voltei a
imaginar. Constantemente de maneira corrida e ininterrupta. Até ser acordada
aos socos e ponta-pé pela Dona realidade. Amarga e invejosa.
Fique entre as duas. Sai falando palavrões e fazendo gestos
inadequados, para uma moça, a realidade. Dei os braços a imaginação e fui-me
embora. Até que se tornou tão real, a
imaginação, que a realidade não passou de um quadro na parede de algum lugar
imaginado.