segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

um pouco depois.


Comeu minha comida e ainda cospe.
Lambeu a minha cria e sutilmente chuta
Vive a minha vida no meu espaço e ainda sorri.
Sorrir, nossa! Você sabe sorrir?
Desculpa, sorrir é para os cegos.
Eu, que vejo, enxergo o grunhido.
É... É isso mesmo.
Cuidado. Eu posso deixar e me manter indiferente.
Não erre!
Você já errou, eu sei...
Eu posso parecer amarga e fazer tudo que julgo certo.
Eu estou quieta. É só mais uma chance.
Faça direito. Coma escondido, não cuspa na minha frente.
Quer saber, não sorria enquanto estiver dentro do meu espaço... Você sabe.
Isto me ofende.
Mas tudo bem é pouco o tempo que você...
Se lambuze, esparrame, grite, dance, faça...
Amanhã, não me reclame da sua dor de barriga.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

À noite.



Um brinde a noite. À noite por que...
Era chuva e era noite.
Na noite onde os corpos se atraem e como se não bastassem ainda se precisavam. Era chuva. E chuva sem falar muita coisa já vem acompanhada de frio abraço e preguiça.
O gim. Ele entra, esqueçam a preguiça. O desejo é a cereja que faltava, ou seria o contrário?
O gim vem acompanho de uma dose de desejo
Doce desejo.
Sim, era doce o gim. O que de fato se tronava mais atraente.
Tudo era tudo atraente naquele ponto.
Impulso, instinto...
(um branco.)
Ainda tinha chuva, muita. Agora não tinha mais gim, só as conseqüências dele. Cheiro... Não sei distinguir. Mas era pele, pêlo, chuva. Era bem frio, mas o corpo tava quente. Um pouco de choque. O corpo já não respondia mais. Era como se programado pra isso.
Calor, chuva, pele, pêlo, toque, pele, chuva, toque... Calor, pêlo, pele, chuva, calor, toque, pele, pêlo, toque chuva, pele, chuva, pele... Toque, calor, chuva... Pele, toque, pêlo, calor, chuva, pele, calor... Calor, pêlo, pele, calor, toque, pele, pêlo, toque chuva, pele, chuva, pele.

Tinha ritmo, a noite de chuva. Sim tinha.
Já nem era mais noite, era dia ou quase isso. Já não tinha mais, não mentira, tinha. Mas não era assim.  Por algum motivo aquela noite que já era dia tinha que acabar...
Não acabou a vontade, nem o desejo, tampouco a chuva. Acabou apenas aquela noite, só aquela. Deixando aquela covarde sensação de sobremesa. Querendo tudo mais, mas deixando um pouco pro dia seguinte. Mas resto continua, por aquela noite foi só.

... E um brinde, hoje, na outra noite, para lembrar sempre da noite que passou.
À noite.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

texto 5

Talvez eu seja viciada em sofrer... Talvez seja só isso mesmo. Mas como esculpa. Sim. Não sei se você vai entender o que eu quero dizer. Mas parece que eu preciso sentir alguma coisa por você. Então você pergunta “por que precisa ser essa, por que sofrer?” E eu vou responder “claro, meu bem...” Quando eu digo que preciso sentir alguma coisa por você eu não disse qualquer coisa. Tem que ser forte, pra valer. Pra marcar um ponto na história.
Qualquer coisa eu sinto por qualquer um
(pausa)
Não ficou claro? Você não é qualquer um. Foi um grande amor. Amor? Será que você foi um grande amor? Mas foi um grande e forte. Sim intenso acho que combina mais com você. E foi. E passou para grande filho da mãe e uma grande decepção
Não chegou, nunca, a ser grande amigo. Ou foi no começo e eu confundo tudo. Mas na verdade o que mais eu sinto é que eu preciso de alguma forma, sentir alguma coisa.  
Já pensei no caso de doenças. Talvez essa seja uma. Não sei se tem remédio que funcione. Já até tomei qualquer que fez efeito por um tempo, mas passou. Passou o efeito, passou a vontade, passou remédio. Se é que você me entende.
Não sei quanto eu quero, só sei que sofro. Entende? Acho que se tivermos iguais seria perfeito.
Eu sei que preciso de tamanha importância na sua vida. Saber mais que os outros, estar mais presente que os outros, ser mais chamada que os outros.
Embora isso só precise de alguns ajustes, mas de fato eu sei mais que você do que você mesmo pode imaginar.
E eu sofro, sofro por não poder chegar perto e não parecer uma ameaça. Eu me Desculpo, afinal nunca vou parecer menos do que eu sou.
Nunca vou ser pouco se for pouco eu prefiro nem ser.
 E é o que eu faço agora... Nem sou. Apenas.
Mas sofro e vou ficar assim pra nunca deixar de ter uma ligação com você. Podia falar muito mais, muito além do que você sabe, mas ai... Seria uma ameaça de novo. Estaria usando das minhas armas pra ter o controle, cansei. Vou deixar você às cegas e sofrer em paz sem nem chegar perto.
Mas não me peça pra parar de ser assim... Eu já disse talvez eu me sinta bem sofrendo assim. Acho que é uma piada sagaz da vida, mas eu me sinto bem assim. Fico até com um charme a mais, quem sabe.