Era um coração forte e resistente. Mas claro que com o uso ele já tivera algumas marquinhas do tempo, nada que de longe não se disfarce. Batia em ritmo acelerado e com muita energia e vontade de tudo. Já não tinha medo de riscos. Sempre achava que qualquer pessoa seria digna de ocupá-lo. Embora que, para tanto, precisava provar.
Mesmo com as aparências ele era calmo, um coração tranqüilo. Sem muito que se preocupar, não fazia mal a ninguém. Mas era meio bobão. Qualquer prova já era prova o suficiente. E lá o coração se abria ficava todo feliz deixando o caminho livre para quem quisesse entrar
E entrava e saia gente. Quando entrava ocupava um espaço. Alguns saiam e deixavam marcas, marcas bonitas até. Outros, se não fosse a memória, jamais saberíamos de sua passagem.
E deixava , quando merecedores, instalarem-se sem medir espaço. Podia ocupar ele todinho, ou só uma lasca.
Pois bem... Mais uma vez o coraçãozinho deu espaço. Vou ocupado como quem não quer nada e por fora nem se notava. Mas quem o viu o estrago por dentro logo pensava: Iiih, as estruturas estão fracas!
Dito e feito. O ocupante abriu tanto espaço no coraçãozinho que, no final das contas fez um estrago. Era pedacinho de coração pra tudo que era canto. Não sabia por onde começar.
Ah... E o pobrezinho do coração que era tão forte e resistente. Como ficara tão exposto? Nem ele sabia o que dizer. Por fora, nem ele imaginava que estaria assim. E o coração tava se chorando em todos os pedaços.
Era tão triste de se ver. E os outros ocupantes estavam lá, sem teto e preocupados com o seu lar. Nunca o viram tão sensível. E logo ele que estes tempos ficara bastante feliz.
O coraçãozinho se lembrava dos dias em que era inteiro, somente com suas marquinhas. Agora era só caco. Um pedaço com cada ocupante e um ali no meio jogado pelo chão.
E vendo o coraçãozinho como tava e sabendo que aquele pedaço sem dono presente ia ficar pelo meio do caminho os ocupantes resolveram ajudar o coração. Reconstruiriam o seu lar como puderam. Cola daqui, amarra da li.
Agora ele tava montado. Os ocupantes logo foram para seus lugares. E de dentro via-se apenas um aconchegante lar dentro do coraçãozinho remontado. Tudo em cima de um pedaço abandonado. Mas isto era de dentro.
Agora de fora se via um coraçãozinho batendo cada dia mais rápido se aos poucos mais animado. Agora ele parecia um bichinho estranho. Forte e resistente talvez ele não fosse mais, afinal agora era todo remendado, fazendo um barulhinho aqui e ali, por falta de algumas pecinhas. Mas sabe, isso dava ate um charme a este coraçãozinho remendado. Forte e