quinta-feira, 10 de novembro de 2011

doce de jiló


Vivos os dias com o prazer de quem come jiló. E fico pensando se um dia vai ser melhor que isso ou se tudo isso é o melhor que tem. Ou quantas maneiras nós temos de ver a vida, se existe alguma válvula de escape em cada esquina.
Pergunto se como o que é bom pra mim pode ser totalmente inútil para o resto. Se felicidade é ser ou estar. Pois que se for da segunda maneira eu tenho constantemente. Qual o real significado da palavra? Afinal de contas vejo mais sorrisos mascarados do que nuvens em dias nublados.
Sorrisos são apenas armaduras que as pessoas pregam todos os dias na cara. Para sair de suas casas. Amarguradas e sorridentes, tristes e sorridentes, felizes e sorridentes, com fome e sorridentes, sem dentes e sorridentes.
Pra que tanta maquiagem se no final do dia derrete tudo e todos vão ter as mesmas caras de bunda que mostram assim que abriram os olhos.  É difícil olhar as pessoas, de verdade. Olhar, burlar as barreiras de seguranças e dizer uma palavra sequer.  É mais difícil ainda conviver com pessoas que vocês acha que conhece e descobrir, um dia, que nunca soube quem são.
Continuo vivendo o dia com o prazer de quem come jiló, mas já vivi com o prazer de quem desfruta de um enorme e suculento doce de padaria. Mas ai vem sempre alguém, um grande filho da puta,  com um gosto de jiló na boca e diz a ti que aquele doce vai acabar, mas se não acabar, pode cair no chão, te fazer mal. Mas nunca, nunca vai ser bom.

3 comentários:

Rosemildo Sales Furtado disse...

Olá Tai! Passando para te cumprimentar e apreciar este teu belo texto. O pior é que do filho da puta ninguém escapa.

beijos e muita paz pra ti e para os teus.

Furtado.

TIAGO JULIO MARTINS disse...

As pessoas se armam com sorrisos pra esconder as caretas que fariam por causa do gosto de jiló socado no boca delas todo dia, caretas que afastariam os outros, talvez.
Ou quem sabe os sorrisos sejam sinceros e a gente ache que sejam falsos por conta de paranoia e de uma leve inveja, vai saber.
Acho que só quem pode dar o gosto pra nossa vida, doce ou amargo, somos nós mesmos... mas acho que tô achando demais.

Enfim, parabéns pelo texto e pelo blog. Diferente das coisas dramáticas e meio superficiais que a gente lê por aí, os dois são bem lúcidos e racionais.

elder ferreira disse...

nunca comi jiló, não sei como vivem as pessoas que comem o doce.