quinta-feira, 27 de agosto de 2009

covarde

Tu foste absurdamente covarde! Tu estudaste meus sentimentos, sentidos, hábitos, manias, vícios, gestos, rotina, palavras e sabia até a diferença do cheiro das minhas mãos para o da nuca. Minhas pausas, meu reflexos a cada palavra tua, sabias tudo, covardia.

E até aquela velha mania de irritar-me com pequenas coisas, para apenas ver minhas feições mudarem de aborrecida para sutilmente alegre.

Covarde, mil vezes covarde!

Tinha uma lista de como agradar e sabia exatamente a hora de sair. A dose exata de tudo. Fez-se de droga, me viciei. Covarde!

Lia-me como um poema decorado na ponta da língua, cada gesto, cada palavra, cada mecha de cabelo fora do lugar.

Entretanto, mesmo com toda esta covardia um dia me mostraste um ato de coragem: amou-me.

Sendo assim, passei uma borracha em tudo, deixei pra trás, e, como uma mocinha em busca de ajuda te dei a mão para me tirar de algum lugar.

Ainda sim, digo de todos os homens o mais covarde deles, mesmo que por trás, na surdina, tenha estudado tudo de mim foi o único que estufou o peito e se entregou.

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