quinta-feira, 2 de abril de 2009

Esquindim dom-dô.


(Essa da foto é a vovó, manda beijo pra ela!)


Fazem meia dúzia de anos que eu não te vejo acordar com uma carinha enrugada, uma felicidade marota, ou um mau humor irresistível. Seguia empentelhando a vida a manha toda, querendo saber porquês e mais porquês contando histórias sem pés nem cabeças. E quando eu aprontava dizia: Mas vovó Del, eu não tenho culpa!
Não me dei conta do quanto foi saudável te ter por perto, dos meus puxões de orelhas, das minhas risadas que eram mais para gargalhos diários. Não me dei conta o quanto te deixava de cabelos em pé toda vez que aprontava uma ou outra, ou quando não queria comer os temperos da tua comida e tu me fazias capitães comestíveis para empurrar goela a baixo.
Foram os melhores sete anos, onze meses e 10 dias que eu tive na minha vida. Indiscutivelmente até hoje ainda não vivi nada melhor.
Parece bobagem, mas até hoje os ovos de codorna não tem o mesmo sabor...
Eu parei de crescer há oito anos. Um pedaço de mim não quis acreditar, foi mais fácil guardar numa gaveta que por para fora. Sempre foi assim comigo, né?! Eu preferia esconder o medo a tentar me livrar dele, lembra? Lembra que eu achava que quando eu sentava na cadeira e ficava com os pés numa posição ruim e os músculos reclamavam se tremelicando eu achava que eu tava com medo por causa de fantasmas? Céus,eu era uma boba!
Ou quando, nas férias em tardes de chuva, a família toda se reunia na sala da casa da praia e contava piadas. E tu sempre tinhas uma piada nova pra gente, era sempre motivo pra rir contigo. Até a tua forma de carinho era mais divertida que todas, pois pegava no colo segurava pelos sovacos e cantava tua cantiga: Esquindim dom-dô, esquindim dom-dô...

Família... É tu sempre foste a base mãe. A imagem que eu tinha era de todo mundo girando em volta do teu umbigo. E hoje não tem umbigo, nem panela de bolo, nem purê de batata pela metade, nem nada. Ou até tem, mas nada é a mesma coisa, o mundo ficou meio sem graça menos colorido.
Depois que a base foi dormir, foi cada um para um lado, sem rumo, meio desorientado. Eu sei o quanto tu te preocupaste conosco que fez questão de não deixar doer tanto assim.
Mas vovó Del, eu não tenho culpa! Ninguém avisou pro meu coração isso. E agora ele, às vezes, dói.
Mas já se passaram doze anos, eu tenho que crescer. Levar a vida em frente, sorrir na lembrança, a melhor de todas, da minha infância que apesar dos pesares foi a mais divertida que eu pude ter, e não tenho do que reclamar.
Desculpa por qualquer coisa e foi um enorme prazer ter te encontrado nessa vida. Seja feliz onde quer que esteja.
E uma ultima coisa, eu posso não ter te dito nenhum dia, mas eu te amei e te amo até hoje.


Dedicado totalmente à Vovó Del.

Um comentário:

c. santos disse...

ainda bem que eu ainda tenho as minhas vós (L)